Drª Rosane Regis Ouverney, evangélica e psicóloga especialista em terapia de família, psicopedagogia, psicomotricidade e sexualidade humana, em entrevista ao Verdade Gospel, fala da importância das novelas na construção da cultura social e não só pelo aspecto moral e religioso, como também educativo.
Rosane destacou que o telespectador se projeta nos personagens como meio de buscar uma realização interior, mesmo que esta seja uma ação inconsciente: “Pesquisas indicam que em nosso país nenhuma outra programação da TV consegue passar dos 40 pontos de audiência. Este fenômeno não é tão somente resultado da engenhosidade imaginativa de seus autores. Estudos indicam que o ser humano tem necessidade de sair do seu cotidiano. De se transportar para um lugar onde seus desejos se realizem, principalmente onde tudo possa acabar bem no final, um lugar mágico. Entretanto para que aconteça uma identificação é preciso que tal enredo, obra, contenha aspectos reconhecidos como da realidade das pessoas, alguns dos seus conflitos e aspirações, com uma linguagem facilmente compreendida”.
“De acordo com seus interesses, cria certos valores, signos diferenciados e podemos mesmo afirmar, produz uma nova realidade. É justamente neste ponto que reconhecemos sua capacidade nociva, isto é, quando seus interesses não estão alinhados com valores até então existentes. Diariamente milhares de lares são invadidos com mensagens diretas e subliminares das telenovelas. Estas, sem qualquer tipo de avaliação, acabam por ditar novos comportamentos, alterando valores e costumes sem nenhuma preocupação do impacto sobre a sociedade. Isto tem que ser alvo de preocupação de pais e educadores!”, alertou Ouverney, enfatizando a capacidade da novela em distorcer conceitos e valores de maneira dissimulada.
Ela cita a Teoria da Aprendizagem Observacional de Albert Bandura, psicólogo canadense, para mostrar que os seres humanos aprendem por imitação, inspirado em modelos de comportamento fornecido por outros indivíduos. E garantiu que é por este meio de aprendizagem que novos tipos de padrões de comportamento são incorporados e antigos são transformados ou substituídos.
Drª Rosane se mostra muito preocupada com a leviandade com que as novelas abordam determinados assuntos, alterando a consciência coletiva e propondo a construção de novos sentidos: “As novelas apresentam comportamentos inadequados e permissivos, sem apontar suas consequências negativas. Por exemplo, a separação conjugal na novela é tratada como uma solução à infelicidade do casal. A amante é a heroína, nunca a vilã. A sexualidade, seja em quaisquer das suas manifestações, inclusive patológicas, é apresentada sem nenhum contra ponto. As pessoas transam, mas não engravidam, não contraem AIDS, e se isto acontece, o final sempre será feliz e tudo irá se resolver, num passe de mágica”.
Experiente no assunto, Ouverney nos convida a refletir e faz um apelo: “Silenciosamente valores estão sendo quebrados. Sem que se perceba, milhares de jovens e crianças estão substituindo os modelos familiares, por heróis equivocados dos folhetins de autores cujas vidas, na sua grande maioria, não servem de exemplo. Precisamos rever nosso posicionamento enquanto cristãos, diante do momento que atravessa a sociedade brasileira. Não podemos nos calar, muito menos participar de tal estatística. Se combatemos o pecado e as hostes espirituais, torna-se incoerente que venhamos a nos divertir com aquilo que é o objeto da nossa luta, o pecado”, desabafou.
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