Thomas Watson – As Melhores Coisas (1/5)
Trecho da obra A Divine Cordial (“Um Tônico Divino”), de Thomas Watson,
publicada pela primeira vez em 1663.
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“Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o Seu propósito.” (Romanos 8.28)
Nós vamos considerar, primeiro, quais coisas cooperam para o bem do homem piedoso, e aqui nós vamos mostrar que tanto as melhores coisas quanto as piores coisas cooperam para o seu bem. Nós começamos com as melhores coisas.
1. Os atributos de Deus cooperam para o bem do homem piedoso.
(I) O poder de Deus coopera para o bem. É um poder glorioso (Cl 1.11, KJA), o qual é empregado para o bem dos eleitos.
O poder de Deus coopera para o bem, nos auxiliando quando estamos em apuros. “Por baixo de ti, estende os braços eternos” (Dt 33.27). O que sustentou Daniel na cova dos leões? Jonas no ventre da baleia? Os três hebreus na fornalha? Apenas o poder de Deus. Não é estranho ver um caniço quebrado crescer e florescer? Como é possível que um fraco cristão seja capaz de não apenas suportar a aflição, mas também se regozijar nela? Ele é sustentado pelos braços do Todo-Poderoso. “O meu poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2Co 12.9).
O poder de Deus coopera para nosso bem ao suprir as nossas necessidades. Deus cria confortos quando os recursos falham. Aquele que através de corvos trouxe comida ao profeta Elias irá trazer o sustento do Seu povo. Deus pode preservar o “azeite na botija” (1Reis 17.14). O Senhor fez o sol retroceder dez graus no relógio de Acaz; assim também, quando os nossos confortos exteriores estão diminuindo, e o sol está quase se pondo, Deus frequentemente provoca um reavivamento, e faz o sol retroceder muitos graus.
O poder de Deus subjuga as nossas corrupções, “Ele pisará aos pés as nossas iniquidades” (Mq 7.19). O seu pecado é forte? Deus é mais poderoso, Ele irá quebrar a cabeça desse leviatã. O seu coração é duro? Deus irá dissolver essa pedra no sangue de Cristo. “O Todo-Poderoso fez meu coração macio” (Jó 23.16, KJV). Quando nós dizemos, como Josafá, “Nós não temos força contra esse grande inimigo”, o Senhor sobe conosco, e nos ajuda a lutar nossas batalhas. Ele corta a cabeça daqueles Golias de concupiscências que são mais forte do que nós.
O poder de Deus derrota os nossos inimigos. Ele mancha o orgulho e frustra os planos dos adversários. “Com vara de ferro os regerá e os despedaçará” (Sl 2.9, ARA). Há ira no inimigo, malícia no diabo, mas poder em Deus. Quão facilmente Ele pode quebrar todas as forças do ímpio! “SENHOR, além de ti não há quem possa socorrer numa batalha entre o poderoso e o fraco” (2Cr 14.11). O poder de Deus está em favor de Sua igreja. “Feliz és tu, ó Israel! Quem é como tu? Povo salvo pelo SENHOR, escudo que te socorre, espada que te dá alteza” (Dt 33.29).
(II) A sabedoria de Deus coopera para o bem. A sabedoria de Deus é nosso oráculo para nos instruir. Assim como Ele é o Deus Forte, é também Conselheiro (Is 9.6). Com frequência, nós estamos no escuro, emaranhados em problemas e com duvidas sobre qual caminho tomar; e é aqui que Deus vem com a luz. “Eu irei guiar-te com meus olhos” (Sl 42.8, KJV). “Olhos”, aqui, denota a sabedoria de Deus. Por que os santos conseguem ver melhor do que os mais argutos políticos? Eles preveem o mal, e se escondem; eles veem os sofismas de Satanás. A sabedoria de Deus é a coluna de fogo que vai adiante deles, e os guia.
(III) A bondade de Deus coopera para o bem do homem piedoso. A bondade de Deus é um meio de nos fazer bons. “A bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento” (Rm 2.4). A bondade de Deus é um raio de sol espiritual que derrete nossos corações em lágrimas. “Oh”, diz a alma, “não é verdade que Deus tem sido tão bom pra mim? Por tanto tempo Ele tem me tolerado longe do inferno, como poderei entristecer Seu Espírito ainda mais? Irei pecar contra a bondade?”
A bondade de Deus coopera para o bem à medida que elas antecipam todas as bênçãos. Os favores que recebemos são os fluxos de prata que correm vem do manancial da bondade de Deus. Esse atributo divino da bondade traz dois tipos de bênçãos. Bençãos comuns: todos participamos delas, tanto os maus quanto os bons; esse doce orvalho cai sobre o cardo assim como cai sobre a rosa. Bençãos de coroação: dessas, apenas os piedosos participam. “Que nos coroou com benignidade” (Sl 103.4, KJV). Assim, os abençoados atributos de Deus cooperam para o bem dos santos.
Por Thomas Watson. Original: A Divine Cordial By Thomas WatsonTradução: voltemosaoevangelho.com
Thomas Watson – As Melhores Coisas (2/5)
Trecho da obra A Divine Cordial (“Um Tônico Divino”), de Thomas Watson,
publicada pela primeira vez em 1663.
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“Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o Seu propósito.” (Romanos 8.28)
2. As promessas de Deus cooperam para o bem do homem piedoso.
As promessas são anotações nas mãos de Deus; não é bom termos segurança? As promessas são o leite do evangelho; e não é o leite para o bem da criança? Elas são chamadas “preciosas promessas” (2Pe 1.4). Elas são tônicos para a alma que esta a ponto de desmaiar. As promessas são cheias de virtude.
Estamos nós sob a culpa do pecado? Há uma promessa, “o Senhor [é] compassivo e grande em misericórdia” (Êx 34.6), na qual Deus, por assim dizer, põe Seu glorioso bordado e estende Seu cetro de ouro para encorajar pecadores pobres e hesitantes a se achegarem a Ele. “O Senhor, misericordioso.” Deus está mais disposto a perdoar do que a punir. A misericórdia abunda em Deus mais do que o pecado em nós. Misericórdia é a Sua natureza. A abelha naturalmente produz mel; ela ferroa apenas quando é provocada. “Mas”, diz o culpado pecador, “eu não mereço misericórdia”. Ainda assim, Ele é gracioso: Ele demonstra misericórdia, não porque nós merecemos misericórdia, mas porque Ele se deleita na misericórdia. Mas o que isso significa para mim? Talvez meu nome não esteja entre aqueles que são perdoados. “Ele usa de misericórdia para milhares” (cf. Jr 32.18). A casa do tesouro da misericórdia não está falida. Deus tem muitas riquezas disponíveis, sendo assim, por que você não viria para tomar parte entre os Seus filhos?
Estamos nós sob a podridão do pecado? Há uma promessa que coopera para o bem: “Curarei a sua infidelidade” (Os 14.4). Deus não apenas concederá misericórdia, mas também graça. E Ele fez uma promessa de enviar o Seu Espírito (Is 44.3), o qual, por Sua natureza santificadora, é às vezes comparado nas Escrituras à água que limpa o vaso; à peneira que joeira o milho; às vezes, ao fogo que refina o metal. Assim, o Espírito de Deus há de purificar e consagrar a alma, tornando-a participante da natureza divina.
Estamos nós em grande tribulação? Há uma promessa que coopera para o bem: “Na sua angústia eu estarei com ele” (Sl 91.15). Deus não leva o Seu povo à tribulação e os deixa lá. Ele os acompanhará; Ele sustentará suas cabeças e seus corações quando eles estiverem desmaiando. E há outra promessa: “Ele é a sua fortaleza no dia da tribulação” (Sl 37.39). “Oh”, diz a alma, “eu hei de desmaiar no dia da aflição.” Mas Deus será a força do nosso coração; Ele trará as Suas forças para junto de nós. Ou ele fará a Sua mão mais leve, ou tornará a nossa fé mais forte.
Tememos nós necessidades exteriores? Há uma promessa: “Aos que buscam o SENHOR bem nenhum lhes faltará” (Sl 34.10). Se for bom para nós, haveremos de tê-lo; se não for bom para nós, então será retido, e isso será para nosso bem. “Eu abençoarei o vosso pão e a vossa água” (Êx 23.25). Essa benção cai como doce orvalho sobre a folha; ela adoça o pouco que possuímos. Deixe-me ter necessidade, para que eu possa ter a benção. Mas temo eu não ter um meio de subsistência? Examine as Escrituras: “Fui moço e já, agora, sou velho, porém jamais vi o justo desamparado, nem a sua descendência a mendigar o pão” (Sl 37.25). Como nós devemos entender tal declaração? Davi fala a respeito disso como a sua própria observação; Ele nunca contemplou tal eclipse, ele nunca viu um homem piedoso tão rebaixado ao ponto de não ter um bocado de pão para colocar na boca. Davi nunca viu o justo e a sua descendência em falta. Embora o Senhor possa provar pais piedosos por um tempo, pondo-os em necessidade, ele não fará o mesmo com a descendência dele; a descendência dos piedosos será provida. Davi nunca viu o justo mendigando pão, ou desamparado. Embora ele possa ser posto em grande aperto, ele não é desamparado; ele ainda é um herdeiro do paraíso, e Deus o ama.
Pergunta: Como as promessas cooperam para o bem?
Resposta: Elas são alimento para a fé, e aquilo que fortalece a fé coopera para o bem. As promessas são o leite da fé; a fé suga delas os nutrientes, como a criança os suga do peito. “Jacó teve medo e se perturbou” (Gn 32.7). Seu espírito estava prestes a desmaiar, e agora ele vai para a promessa: “E disseste: Certamente eu te farei bem” (Gn 32.12). Essa promessa foi o seu alimento. Ele adquiriu tanta força dessa promessa que foi capaz de lutar com o Senhor a noite toda em oração, e não deixou Ele ir até que o houvesse abençoado.
As promessas são também fontes de alegria. Há mais nas promessas para nos dar conforto do que há no mundo para nos causar perplexidade. Ursino foi confortado com esta promessa: “Da mão do Pai ninguém as pode arrebatar” (Jo 10.29). As promessas são tônicos para aqueles que estão desmaiando. “Não fosse a tua lei ter sido o meu prazer, há muito já teria eu perecido na minha angústia” (Sl 119.92). As promessas são uma rede para puxar o coração e impedi-lo de afundar nas águas profundas da angústia.
Nota do Tradutor: Talvez, uma referência a Zacarias Ursino, um dos autores do Catecismo de Heidelberg. Você pode ler uma breve biografia a respeito dele no blog Reforma & Razão.
Por Thomas Watson. Original: A Divine Cordial By Thomas WatsonTradução: voltemosaoevangelho.com
Thomas Watson – As Melhores Coisas (3/5)
Trecho da obra A Divine Cordial (“Um Tônico Divino”), de Thomas Watson,
publicada pela primeira vez em 1663.
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“Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o Seu propósito.” (Romanos 8.28)
3. As misericórdias de Deus cooperam para o bem do homem piedoso.
As misericórdias de Deus humilham. “Então, entrou o rei Davi na Casa do SENHOR, ficou perante ele e disse: Quem sou eu, SENHOR Deus, e qual é a minha casa, para que me tenhas trazido até aqui?” (2 Sm 7.18). Senhor, por que tamanha honra é conferida a mim, para que eu seja rei? Eu, que pastoreio as ovelhas, irei entrar e sair adiante do Teu povo? Assim diz um coração agraciado: “Senhor, quem sou eu, para que ocorra melhor comigo do que com outros? Eu bebo do fruto da vide, enquanto os outros bebem, não apenas um cálice de absinto, mas um cálice de sangue (ou sofrimento até a morte). Quem sou eu, para que obtenha aquelas misericórdias que outros desejam, outros que são melhores do que eu? Senhor, por que isso, que, não obstante toda a minha indignidade, uma nova corrente de misericórdia vem sobre mim todos os dias?” As misericórdias de Deus fazem um pecador orgulhoso, mas um santo, humilde.
As misericórdias de Deus têm uma influencia enternecedora sobre a alma; elas fazem a alma se derreter de amor por Deus. Os juízos de Deus fazem com que nós O temamos; Suas misericórdias fazem com que nós O amemos. Como foi Saul surpreendido pela bondade! Davi tinha vantagem sobre ele, e poder para cortar não somente a orla de seu manto, mas a sua cabeça; ainda assim, ele poupou sua vida. Essa bondade derreteu o coração de Saul. “É isto a tua voz, meu filho Davi? E chorou Saul em voz alta.” (1Sm 24.16). Assim também a misericórdia de Deus tem uma influência enternecedora; ela faz os olhos gotejarem com lágrimas de amor.
As misericórdias de Deus tornam o nosso coração frutífero. Quando você dispensa mais recursos em um campo, ele dá uma colheita melhor. Uma alma agraciada honra o Senhor completamente. Ela não faz com a misericórdia de Deus como Israel, com suas jóias e brincos, fez um bezerro de ouro; mas, assim como Salomão fez com o dinheiro dado à casa do tesouro, ela constrói um templo para o Senhor. As ricas torrentes de misericórdia causam fertilidade.
As misericórdias de Deus tornam o coração agradecido. “Que darei ao SENHOR por todos os seus benefícios para comigo? Tomarei o cálice da salvação” (Sl 116. 12-13). Davi faz alusão ao povo de Israel, o qual, em suas ofertas pacíficas, costumava tomar um cálice em suas mãos e dar graças a Deus pelos livramentos. Toda misericórdia é uma esmola da livre graça; e isso dilata a alma em gratidão. Um bom cristão não é uma cova para enterrar as misericórdias de Deus, mas um templo para cantar os Seus louvores. Se todas as aves segundo a sua espécie, como diz Ambrósio, gorjeiam de gratidão ao seu Criador, muito mais se dará com um cristão ingênuo, cuja vida é enriquecida e perfumada com misericórdia.
As misericórdias de Deus vivificam. Assim como elas são como ímãs para o amor, também são como pedras de amolar para a obediência. “Andarei na presença do Senhor, na terra dos viventes” (Sl 116.9). Aquele que põe em retrospectiva as bênçãos recebidas olha para si mesmo como uma pessoa comprometida com Deus. Ele lida a partir da doçura da misericórdia com a prontidão do dever. Ele gasta e se deixa gastar por Cristo; ele dedica a si mesmo a Deus. Entre os romanos, quando alguém era redimido por outro, subsequentemente passava a servi-lo. Uma alma cercada de misericórdia é zelosamente ativa no serviço de Deus.
As misericórdias de Deus produzem compaixão para com outros. Um cristão é um “salvador temporal”. Ele alimenta os famintos, veste o nu, e visita a viúva e o órfão na angústia deles. Ele lança entre eles as sementes de ouro de sua caridade. “Ditoso o homem que se compadece e empresta” (Sl 112.5). A caridade flui dele liberalmente, como a mirra das árvores. Assim, para os piedosos, as misericórdias de Deus cooperam para o bem; elas são as asas para levá-los ao céu.
Misericórdias espirituais também cooperam para o bem.
A palavra pregada coopera para o bem. Ela é um aroma de vida; é uma palavra transformadora da
alma; ela conduz o coração à semelhança de Cristo; ela produz segurança. “O nosso evangelho não chegou até vós tão-somente em palavra, mas, sobretudo, em poder, no Espírito Santo e em plena convicção” (1Ts 1.5). Ela é a carruagem da salvação.
alma; ela conduz o coração à semelhança de Cristo; ela produz segurança. “O nosso evangelho não chegou até vós tão-somente em palavra, mas, sobretudo, em poder, no Espírito Santo e em plena convicção” (1Ts 1.5). Ela é a carruagem da salvação.
A oração coopera para o bem. A oração são os urros da afeição; ela explode santos desejos e ardores da alma. A oração tem poder com Deus. “Demandai-me” (Is 45.11, ARC). Ela é a chave que abre os tesouros da misericórdia de Deus. A oração mantém o coração aberto para Deus, porém fechado para o pecado; ela abranda os corações descontrolados e os inchaços da luxúria. Assim Lutero aconselhou um amigo, quando ele percebeu uma tentação começar a surgir, para que ele se conduzisse à oração. A oração é a arma do cristão, que ele descarrega contra os seus inimigos. A oração é o remédio soberano da alma. A oração santifica toda misericórdia (1Tm 4.5). Ela é o dissipador da tristeza: à medida que sopra sobre a dor, ela alivia o coração. Quando Ana orou, “ela se foi seu caminho … e o seu semblante já não era triste” (1Sm 1.18). E, se a oração tem esses raros efeitos, então ela coopera para o bem.
A Ceia do Senhor coopera para o bem. Ela é um emblema da ceia das bodas do Cordeiro (Ap 19.9) e um penhor da comunhão que nós teremos com Cristo na glória. É um banquete de coisas deliciosas; é-nos dado pão do céu, que preserva a vida e previne a morte. Ela opera gloriosos efeitos no coração dos piedosos. Ela vivifica suas afeições, fortalece as suas graças, mortifica as suas corrupções, revive as suas esperanças e aumenta a sua alegria. Lutero diz: “Ela é tanto uma grande obra para confortar a alma abatida, como para ressuscitar um morto para a vida”. Isso é o que pode e às vezes é feito pela alma dos piedosos na ceia abençoada.
Por Thomas Watson. Original: A Divine Cordial By Thomas WatsonTradução: voltemosaoevangelho.com
Thomas Watson – As Melhores Coisas (4/5)
Trecho da obra A Divine Cordial (“Um Tônico Divino”), de Thomas Watson,
publicada pela primeira vez em 1663.
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4. As graças do Espírito cooperam para o bem.
A graça é para a alma como a luz é para os olhos, como a saúde é para o corpo. A graça faz para a alma o que uma mulher virtuosa faz para seu marido: “Ela lhe faz bem e não mal, todos os dias da sua vida” (Pv 31.12). Quão incomparavelmente proveitosas são as graças! A fé e o temor andam de mãos dadas. A fé mantém o coração alegre, o temor mantém o coração sério. A fé impede o coração de afundar em desespero, o temor o impede de flutuar na presunção. Todas as graças exibem a si mesmas em sua beleza: a esperança é o “capacete” (1Ts 5.8); a mansidão, o “ornamento” (1Pe 3.4); o amor, “o vínculo da perfeição” (Cl 3.14). As graças dos santos são armas para defendê-los, asas para elevá-los, jóias para enriquecê-los, especiarias para perfumá-los, estrelas para adorná-los, tônicos para revigorá-los. E tudo isso não coopera para o bem? As graças são nossas evidências para o céu. E não é bom ter nossas evidências conosco na hora da morte?
5. Os anjos cooperam para o bem dos santos.
Os anjos bons estão prontos para fazerem todos os serviços de amor para o povo de Deus. “Não são todos eles espíritos ministradores, enviados para serviço a favor dos que hão de herdar a salvação?” (Hb 1.14). Alguns dos pais tinham a opinião de que todo crente tem o seu anjo da guarda. Esse assunto não necessita de qualquer debate acalorado. Para nós, é suficiente saber que toda a hierarquia dos anjos é devotada ao bem dos santos.
Os anjos bons servem os santos em vida. O anjo confortou a virgem Maria (Lc 1.28). Os anjos fecharam a boca dos leões, para que eles não machucassem Daniel (Dn 6.22). Um cristão tem uma guarda invisivel de anjos ao seu redor. “Porque aos seus anjos dará ordens a teu respeito, para que te guardem em todos os teus caminhos” (Sl 91.11). Os anjos são a guarda dos santos, até mesmo o chefe dos anjos: “Não são todos eles espíritos ministradores?”. O mais elevado dos anjos toma conta do menor dos santos.
Os anjos bons servem na hora da morte. Os anjos estão ao redor da cama dos santos doentes para confortá los. Assim como Deus conforta pelo Seu Espírito, também conforta pelos Seus anjos. Cristo, em sua agonia, foi confortado por um anjo (Lc 22.43); assim também ocorre com os crentes na agonia da morte: e quando o fôlego dos santos expira, as suas almas são carregadas para o céu por uma escolta de anjos (Lc 16.22).
Os anjos bons também servem no dia do julgamento. Os anjos irão abrir as sepulturas dos santos e irão conduzi los à presença de Cristo, quando eles então serão feitos como o Seu corpo glorificado. “E Ele enviará os seus anjos, os quais reunirão seus escolhidos, dos quatro ventos, de uma a outra extremidade do céu” (Mt 24.31). Os anjos, no dia do julgamento, irão livrar os piedosos de todos os seus inimigos. Aqui os santos são atormentados por seus inimigos. “São meus adversários, porque sigo o que é bom” (Sl 38.20). Bem, os anjos em breve irão dar ao povo de Deus uma ordem de alívio, e irá libertá-los de todos os seus inimigos. “O joio são os filhos do maligno, o inimigo, que o semeou, é o diabo; e a ceifa é o fim do mundo; e os ceifeiros são os anjos. Assim como o joio é colhido e queimado no fogo, assim será na consumação deste mundo. Mandará o Filho do homem os seus anjos, e eles colherão do seu reino tudo o que causa escândalo, e os que cometem iniqüidade. E lançá-los-ão na fornalha de fogo” (Mt 13.38-42). No dia do julgamento, os anjos de Deus irão tomar os ímpios, que são o joio, irão junta los, e lançá-los na fornalha infernal; então, os piedosos não mais terão problemas com os seus inimigos. Assim, os anjos bons cooperam para o bem. Vejam, aqui, a honra e a dignidade de um crente. Ele tem o nome de Deus escrito sobre ele (Ap 3.12), o Espírito Santo habitando nele (2 Tm 1.14), e a guarda dos anjos atendendo a ele.
Por Thomas Watson. Original: A Divine Cordial By Thomas WatsonTradução: voltemosaoevangelho.com
Thomas Watson – As Melhores Coisas (5/5)
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6. A comunhão dos santos coopera para o bem.
“Somos cooperadores de sua alegria” (2Co 1.24). Um cristão, ao conversar com outro, é um meio de fortalecê-lo. Como as pedras usadas para construir um arco ajudam a sustentar uma a outra, um cristão, ao compartilhar sua experiência, aquece e vivifica o outro. “Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras” (Hb 10.24). Como a graça floresce em uma reunião santa! Um cristão, por meio de um bom discurso, goteja sobre o outro aquele óleo que faz a lâmpada de sua fé queimar mais brilhantemente.
7. A intercessão de Cristo coopera para o bem.
Cristo está no céu, como Arão com a sua lâmina de ouro sobre a sua testa e o seu precioso incenso; e Ele ora por todos os crentes assim como Ele fez pelos apóstolos. “Não somente rogo por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim” (Jo 17.20). Quando um cristão está fraco, e mal consegue orar por si mesmo, Jesus Cristo está orando por ele; e Ele ora por três coisas. Primeiro, para que os santos sejam guardados do pecado. “[Peço] que os guardes do mal” (Jo 17.15). Nós vivemos no mundo como se estivéssemos numa casa de pragas; Cristo ora para que os Seus santos não sejam infectados com o contagioso mal dos tempos. Segundo, para que Seu povo cresça em santidade. “Santifica-os” (Jo 17.17). Faça com que eles tenham o suprimento constante do Espírito, e sejam ungidos com óleo fresco. Terceiro, para que eles sejam glorificados. “Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam tambem comigo os que me deste” (Jo 17.24). Cristo não está satisfeito até que os santos estejam em Seus braços. Essa oração, que Ele fez na terra, é a cópia e o padrão de Sua oração no céu. Que conforto isto é: quando Satanas está tentando, Cristo está orando! Isso coopera para o bem.
As orações de Cristo afastam os pecados das nossas próprias orações. Como diz Ambrósio, nossas orações são como uma criança que deseja presentear seu pai com um buquê; ela vai até o jardim e colhe algumas flores e algumas ervas daninhas junto, mas, chegando à sua mãe, esta separa as ervas daninhas e junta as flores, e assim o buquê é presenteado ao pai. Assim, quando nós apresentamos as nossas orações, Cristo vem, e separa as ervas daninhas, o pecado da nossa oração, e apresenta senão as flores ao Seu Pai, as quais são um aroma suave.
8. As orações dos santos cooperam para o bem do homem piedoso.
Os santos oram por todos os membros do corpo místico, e suas orações podem muito em seus efeitos. Elas têm efeito na recuperação de doenças. “E a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará” (Tg 5.15). Elas têm efeito na vitória sobre os inimigos. “Faze, pois, tuas orações pelos que ainda subsistem” (Is 37.4). “Então, saiu o Anjo do SENHOR e feriu no arraial dos assírios a cento e oitenta e cinco mil;” (Is 37.36). Elas têm efeito em libertar das prisões. “Pedro, pois, estava guardado no cárcere; mas havia oração incessante a Deus por parte da igreja a favor dele. Quando Herodes estava para apresentá-lo, naquela mesma noite, Pedro dormia entre dois soldados, acorrentado com duas cadeias, e sentinelas à porta guardavam o cárcere. Eis, porém, que sobreveio um anjo do Senhor, e uma luz iluminou a prisão; e, tocando ele o lado de Pedro, o despertou, dizendo: Levanta-te depressa! Então, as cadeias caíram-lhe das mãos” (At 12. 5-7). O anjo trouxe Pedro para fora da prisão, mas foi a oração que trouxe o anjo. Elas têm efeito para perdão de pecados. “O meu servo Jó orará por vós; porque dele aceitarei a intercessão” (Jó 42.8). Assim, as orações dos santos cooperam para o bem do corpo místico. E esse não é um pequeno privilégio para um filho de Deus, que ele tenha um constante fluxo de oração em seu favor. Quando ele chega a qualquer lugar, ele pode dizer: “Eu tenho algumas orações aqui, mais ainda, no mundo todo eu tenho um estoque de orações feitas para mim. Quando eu estou indisposto, e fora de sintonia, outros estão orando por mim, outros que estão despertos e vigorosos.” Assim as melhores coisas cooperam para o bem do povo de Deus.
Por Thomas Watson. Original: A Divine Cordial By Thomas WatsonTradução: voltemosaoevangelho.com